29 janeiro 2008

COMENTÁRIOS DOS LEITORES (7)

O Antonio disse:
"Caro Álvaro, Como há uns dias lhe disse, gostei imenso do seu livro. Embora, como dificilmente poderia deixar de ser, tenha opiniões algo diferentes das suas. Disse-lhe anteriormente que considero esta crise um dos maiores desafios, senão o maior da nossa história... Depois de um terramoto torna-se óbvio a necessidade da reconstrução. É mais fácil unir esforços e ideais. Transformarmo-nos a nós próprios e superarmo-nos não é assim tão evidente. E há sempre quem não esteja de acordo. E no nosso país há quem por inépcia não esteja interessado em mudanças. Mas há quem também não esteja interessado porque essas reformas irão pôr em causa os sagrados direitos conquistados a seguir ao 25 de Abril. Existe muita gente a remar em sentido contrário. Não sei se chegaremos a bom porto. Para já o tal bom porto não está no horizonte. Continuamos a divergir. Passemos à frente. Estou a escrever-lhe no avião de regresso a Portugal depois de um fim de semana alargado passado entre Viena e Budapeste. Fiquei impressionado com Budapeste que não conhecia. Minha mulher diz-me que há 30 anos tudo estava esburacado e sujo. Mas hoje vejo Buda recuperada e Peste em franca recuperação com as sua enormes avenidas de imponentes edificios fim de imperio, arte nova e art deco e os sintomáticos Louis Vuitton e Cartier já instalados. Lembro-me da nossa Lisboa que deixa deitar a baixo alguns dos seus mais belos edificios e que por falta de coragem política e pura demagogia de alguns nunca até hoje resolveu o problema da legislação do arrendamento o que origina uma cada vez maior degradação urbana e que muitos edificios estejam tijolados e destinados cruelmente à demolição. Com a perca de uma enorme mais valia para a cidade. Não é assim que se dá a volta a um país.Invejo o seu optimismo."
Caro António, Mais uma vez obrigado pelos seus pertinentes e acutilantes comentários. Como já disse, ainda bem que discorda comigo. Aliás, o que é salutar é discordarmos uns dos outros. É essencial confrontar as nossas opiniões. Dialogar. Debater os problemas e as potenciais soluções. Só assim é que conseguimos avançar. É assim que o conhecimento progride. Por isso, discorde. Discorde muito, pois assim continuamos o diálogo. Vou responder às sua questões em dois ou três posts para poder fazer justiça aos seus comentários.
Sem dúvida que os países de Leste estão a fazer tremendos progressos. E ainda bem. Quando mais progredirem, menos gente há a sofrer as consequências da pobreza. Ainda assim, vale a pena relembrar que se Buda e Peste têm evoluído muito, também é preciso não esquecer que Portugal (Lisboa incluída) antes de 1986 era um país e hoje é outro. Em 1986, não havia sequer uma autoestrada a ligar as duas principais cidades do país. Em 1986, grande parte da economia estava na mão do Estado. Em 1986, os nossos níveis educacionais eram ainda piores do que são actualmente. Etc, etc, etc. Isto é, o progresso foi e continua a ser imenso. Nós já passámos pela primeira fase de adesão à União Europeia. Agora é importante (crucial mesmo) conseguirmos ser bem sucedidos na segunda fase, onde uma economia mais saudável e dinâmica tem que emergir dos escombros desta crise que vivemos. Amanhã respondo às suas questões da imigração e de Espanha.

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