14 fevereiro 2008

MEZZOGIORNO OUTRA VEZ

Vários leitores comentaram o post sobre o Mezzogiorno.
A Gi questiona: "E se separássemos o Porto/Minho do restante Norte, este ainda estaria mais estagnado, não é? Seria mesmo uma vergonha. E veríamos a realidade da área do Porto. Porque é que a estatística não os separa?"
A divisão das regiões (as chamadas NUTS) foi feita há duas décadas, quando entrámos para a então CEE e adoptámos os critérios contabilísticos europeus. Porque Portugal é pequeno, achou-se conveniente dividir o país entre o Norte, Centro, Lisboa e Vale do Tejo, Alentejo e Algarve, mais os Açores e a Madeira. Também concordo que teria feito mais sentido separar o Porto do Norte interior (apesar que, feito isso, poderia haver também a tentação de separar o Centro interior e o litoral, etc). Com efeito, não ficaria muito surpreendido se isso acontecesse dentro de uns anos. Alías, já o fizemos. Há uns anos atrás a região lisboeta incluía Lisboa e Vale do Tejo, mas agora não. Porquê? Porque Lisboa tem níveis de vida superiores ao Vale do Tejo e acima, inclusivamente da média europeia. Para não se perderem os subsídios europeus para esta região (os fundos só são atribuídos a regiões com rendimentos por habitante com menos de 75 por cento da média europeia), mudou-se a divisão regional (com permissão e aprovação da própria UE!) e retirou-se o Vale do Tejo da Região Lisboa. Porque não fazer o mesmo com a região nortenha? Penso até que esse artifício contabilístico fazia mais sentido do que retirar umas pequenas áreas da zona lisboeta.
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Um outro leitor diz: "Fico feliz pelo Alentejo não ser a região mais pobre do país como frequentemente é proferido na comunicação social"
Pois não é. E nem é sequer a região menos produtiva do país, contrariamente ao que nos fazem crer as anedotas. O "Mitos" fornece mais dados sobre o assunto.
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O JAM afirma "não vejo motivos para satisfação (naquele quadro do PIB por habitante em % por habitante da UE a 27) sobre a tendência portuguesa desde 2000 até 2005. Parece-me que, em termos gráficos, a tendência é descendente. Penso até que a aparente convergência a 27 (que inclui já o alargamento a leste) não deveria ser tida como uma convergência real por excesso mas sim aparente por defeito"
Tem toda a razão. Entre 2000 e 2004, Portugal divergiu em relação à média europeia. A pequena (pequeníssima, mesmo) convergência que se registou foi somente entre 2004 e 2005. Porque é que a salientei? Porque poderá (esperemos) uma inversão de tendência. Veremos se se mantém. Em relação aos alargamentos, todos estes números incluem 0s 27, antes e depois do alargamento. O Eurostat (o organismo estatístico da UE) tem estatísticas harmonizadas. Quando estes números são apresentados já incluem os países do(s) alargamento(s), antes e depois deles se concretizarem.

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