13 fevereiro 2008

O EURO E A COMPETITIVIDADE _ PERGUNTAS DOS LEITORES (5)

O António levanta novamente questões muito interessantes neste post. Irei responder à questão das reformas dentro em breve (o mesmo se passa com a pergunta sobre os impostos). Entretanto, o António pergunta:
"Gostava que você comentasse esta cegueira do BCE que parece achar que a economia europeia respira saúde e que está imune à recessão vinda dos USA. Não era sequer preciso a recessão americana para nos preocupar. Basta o elevado valor do Euro para permitir antever a curto prazo enormes dificuldades à economia europeia por perca de competitividade. Será que pode haver tanta miopia? Não se esqueça. Eu, pobre António declaro que vamos levar com uma valentíssima crise. Pode vir ao retardador. Mais vai ser do tipo pegajoso. Tipo alcatrão."
Como expliquei em parte neste post, o problema da inacção do BCE (Banco Central Europeu) resulta em parte do seu próprio mandato. Segundo os seus estatutos, o BCE tem só uma obrigação: a estabilidade dos preços. Nada mais. Contrariamente, a Fed tem dois mandatos, a estabilidade dos preços e obom funcionamento da economia. Quando existe uma crise na economia americana, a Fed pode e deve intervir. Quando existe uma crise na Eurolândia, o BCE não tem obrigação de o fazer. Principalmente quando a inflação não está completamente sob controlo, como acontece actualmente.
Ora, ao manter as taxas de juro inalteradas, o BCE claramente sabe perfeitamente que o euro vai-se valorizar ainda mais contra o dólar, afectando a competitividade das nossas empresas exportadoras (pois as exportações ficam mais caras). Porque é que o BCE não se interessa? Porque um euro forte significa importações menos caras, e assim as economias europeias importam o petróleo mais barato. Como o preço ouro negro tem estado muito elevado e como os preços dos produtos petrolíferos têm um grande impacto sobre a inflação de qualquer economia, um euro mais caro implica petróleo não tão caro e... menores pressões inflacionistas. E é só isso que o BCE se preocupa. Para bem e para mal.

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